São muitos os fatores que influenciam no processo de envelhecimento: estilo de vida, genética, prática de atividade física e até mesmo a saúde mental. Envelhecer com saúde não é nenhum bicho de sete cabeças, tudo depende de como se encara essa nova fase da vida.
O envelhecimento no Brasil tem sido um desafio e tanto. Porém, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população brasileira superou a marca de 32,9 milhões de idosos em 2019. Uma crescente desde de 2012 que aponta para a longevidade da população brasileira.
Algumas pesquisas na área e também os especialistas identificaram ações que podem ser tomadas para ajudar a gerenciar a saúde para viver da forma mais independente possível na terceira idade. Hoje, manter a qualidade de vida à medida que se envelhece é fundamental para garantir tranquilidade no futuro. Veja alguns conselhos desses especialistas relacionados ao envelhecimento consciente.
Os cuidados com a sua saúde física
Os especialistas seguem pesquisando as maneiras de prevenir ou adiar os efeitos que o passar dos anos exerce no corpo das pessoas. Cuidar da saúde é algo imprescindível para a manutenção da saúde física, fazendo boas escolhas alimentares, dormindo o suficiente e controlando o consumo de álcool ou uso do cigarro.
Algumas pequenas mudanças são decisões essenciais para percorrer um caminho seguro ao envelhecimento saudável.
Atividade física x exercício físico: qual é a diferença?
Antes de falar sobre os cuidados relacionados à saúde física, é preciso desmistificar a possível confusão que as pessoas geralmente fazem entre atividade física e exercício físico.
Não é a mesma coisa: a atividade física é um comportamento que envolve os movimentos do corpo na sua vida diária. Caminhar até o trabalho, abaixar para pegar algo no chão, fazer uma faxina. Tudo isso, envolve movimentos que não são involuntários como respirar e que geram algum gasto de energia. Além disso, a atividade física envolve uma relação social e também com o ambiente em que a pessoa está inserida. Então, cabe a atividade física durante o lazer, nas tarefas domésticas ou no trabalho.
Já o exercício físico é planejado, estruturado e tem como objetivo melhorar ou manter componentes físicos, como músculos, flexibilidade e equilíbrio. Nesse caso, geralmente é orientado por um profissional de educação física.
Assim, todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício físico.
Agora que você já sabe a diferença entre um e outro, qual é o mais importante para um envelhecimento saudável?
Evidências científicas demonstram que pessoas que fazem exercícios físicos regularmente não apenas vivem mais, como também podem viver melhor, o que significa mais anos de vida com menos dores ou aparecimento de algum tipo de deficiência.
O exercício físico é uma ferramenta essencial para manter um peso saudável. A obesidade é considerada pela comunidade médica como uma doença de risco que pode causar morte, incapacidade e muitas outras doenças, como diabetes tipo 2 e pressão alta.
Portanto, o emagrecimento não é só algo estético com o passar dos anos, mas uma questão de saúde. Porém, é importante ressaltar que esse processo necessita de acompanhamento especializado, pois o emagrecimento desordenado também pode levar à perda da massa muscular, enfraquecimento do sistema imunológico e dos ossos, aumentando o risco de fratura óssea.
Os exercícios podem te ajudar a viver melhor. Você não precisa exagerar na academia, mas começar aos poucos, tentando ser fisicamente ativo em períodos curtos ao longo do dia e, em horários específicos, se exercitar com orientação de um profissional da área. Nem sempre é necessário muito investimento financeiro para começar, muitas atividades, como caminhada rápida ou alongamento, são gratuitas ou de baixo custo e não requerem equipamentos especiais. À medida que você se torna mais ativo, você começará a sentir motivação e vigor após o exercício, em vez de exaustão. A chave é encontrar maneiras de se motivar e de mexer o corpo.
Alimentação saudável: faça escolhas alimentares inteligentes
Fazer escolhas alimentares inteligentes pode ajudar a prevenir certos problemas de saúde. Com o passar do tempo, uma boa alimentação pode até ajudar a melhorar a função cerebral. Assim como o exercício físico, comer bem não é apenas sobre controlar o peso. Com tantas dietas diferentes por aí, escolher o que comer pode ser confuso. Cada um diz uma coisa, não é mesmo? No entanto, o Guia alimentar para a população brasileira fornece recomendações de alimentação saudável. O documento sugere um padrão alimentar com muitas frutas e vegetais frescos, grãos integrais, gorduras saudáveis e proteínas magras. Além disso, recomenda-se o controle do uso de sal nas refeições, com o intuito de reduzir a pressão arterial, o risco de diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.
O que você pode fazer por sua saúde?
Tente começar com pequenas mudanças adotando uma ou duas recomendações do Guia alimentar. Consulte um profissional da nutrição para adequar sua dieta aos seus gostos alimentares, adaptando alimentos saudáveis ao seu dia a dia, como peixe ou folhas verdes.
Mesmo que você não tenha pensado muito sobre alimentação nos últimos tempos, mudar sua dieta agora ainda pode melhorar seu bem-estar no futuro. Se você tem preocupação com o que come, converse com seu médico sobre maneiras de fazer melhores escolhas alimentares.
Dormir bem faz bem
Dormir o suficiente ajuda você a se manter saudável e em estado de alerta. Mesmo que os adultos com mais idade precisem das mesmas sete a nove horas de sono que todos os outros adultos, eles geralmente não dormem o suficiente.
Assim, sentir algum sintoma ou dor pode ser um fator complicador do sono e alguns medicamentos têm o efeito de despertar as pessoas no período noturno. A falta de qualidade de sono pode tornar a pessoa irritada, deprimida, esquecida e mais propensa a quedas ou outros acidentes.
A qualidade do sono é importante para a memória e o humor. Em um estudo com adultos com mais de 65 anos, os pesquisadores descobriram que aqueles que tinham má qualidade do sono tinham mais dificuldade em resolver problemas e se concentrar do que aqueles que dormiam bem.
Outro estudo, que analisou dados de quase 8.000 pessoas, mostrou que aqueles entre 50 e 60 anos que dormiam seis horas ou menos por noite sofriam maior risco de desenvolver demência na vida. Isso pode ocorrer porque o sono inadequado está associado ao acúmulo de beta-amilóide, uma proteína envolvida na doença de Alzheimer. Além disso, o sono ruim também pode piorar os sintomas de depressão em adultos com mais idade. Evidências sugerem que idosos que foram diagnosticados com depressão no passado e não dormem com qualidade podem ter maior probabilidade de experimentar os sintomas de depressão novamente.
O sono também pode melhorar sua criatividade e habilidades de tomada de decisão, e até mesmo seus níveis de açúcar no sangue. Assim, Tente adormecer e levantar-se à mesma hora todos os dias. Evite cochilar ao longo do dia, pois isso pode manter você em atividade à noite. O exercício físico também pode ajudar você a dormir melhor, assim como uma alimentação leve.
Pequenas mudanças no seu dia a dia podem ser responsáveis por mais anos com qualidade de vida. Por isso, é hora de encarar a velhice de um novo jeito. Como uma oportunidade que começa agora.
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